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A informação em desordem |
A gente se acostumou a utilizar o termo fake news para tudo quanto é situação, seja para mensagem que contenha sátira ou paródia, para texto de manipulação, propaganda e até para notícias falsas.
Os sites de informação brasileiros estão cheios de postagens com o termo fake news, o que fez a palavra ter uso comum na vida cotidiana do brasileiro.
Claire Wardle, uma estudiosa da comunicação advinda da universidade da Pensilvânia, contesta a utilização do termo fake news e propõe a utilização da terminologia Desordem da Informação.
Para a pesquisadora, a palavra fake news produz significação dúbia, pois pode ser utilizada tanto para indicar notícias falsas e fraudulentas, quanto para designar qualquer mensagem que um interlocutor não goste ou não concorde.
Wardle concebe desordem da informação como um fenômeno social provocado por grande escala de dados disseminados na WEB, que resultam em poluição de informação, o que prejudica as relações sociais na Internet.
Para a pesquisadora muito dessa poluição provoca a contaminação dos conteúdos, que são transmitidos de forma parcial ou são alterados e adulterados, originando relações sociais e políticas desagregadores e depreciativas.
Ainda Claire Wardle ressalta que o fenômeno da desordem da informação se produz por meio de rápida circulação de conteúdos, em crescimento exponencial, em fluxos rápidos e voláteis, que dificultam a identificação das fontes de emissão das mensagens e o alcance destas no ciberespaço. Desta forma, o fluxo informacional de criação, produção (transformação em mídia digital) e compartilhamento de conteúdos fica prejudicado.
Junte-se a tudo isto, a construção de estilos de mensagens que acionam as emoções das pessoas, provocando cegueiras momentâneas ou duradouras, dependendo das circunstâncias comunicacionais. É o mundo da Pós-Verdade, outro fenômeno social que permeia nossas relações sociais.
O interessante é que a desordem da informação é veiculada por agentes que podem ser humanos, robôs ou ciborgues. Os humanos podem estar travestidos por personalidades outras que não a do verdadeiro criador/divulgador da mensagem; os robôs se passam, geralmente, por seres humanos, o que dá mais credibilidade às mensagens veiculadas. Já ciborgues, humanos e robôs em atuação, são emissores complexos, pois podem produzir amplificação artificializada das mensagens e simular a presença de um humano em um relacionamento mais pessoalizado, forjando uma dinâmica discursiva que mais parece que há uma pessoa conversando com outra pessoa.
O difícil é o cidadão comum identificar quando está mediando situações comunicativas com robôs, ciborgues ou humanos. Daí a necessidade de se pensar formas de educar as pessoas para lidar com a desordem da informação.
Claire Wardle ainda apresenta três dimensões da desordem da informação, quais sejam: a desinformação, que seria uma informação falsa que é criada/compartilhada, de forma deliberada, para enganar e trazer prejuízo ao interlocutor; a mal-informação, que é uma informação verdadeira utilizada para causar danos a outrem; a informação incorreta, que é compartilhada sem a intenção de prejudicar outras pessoas. Pelas reflexões de Wardle, é possível perceber o quão complexo é lidar com a desordem da informação na atualidade.
Caso você se interesse em aprofundar o assunto, visite o site First Draf, que é gerenciado por Wardle e descubra o quanto este assunto é palpitante.
Até a próxima!