Crises e desigualdades educacionais. Imagem da Praxe Educação
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São nos momentos de crise que a gente conhece as pessoas e as instituições. É quando os políticos demonstram de que lado eles realmente estão, os religiosos explicitam o que pensam sobre o humano e a espiritualidade, os empresários mostram que tipo de mundo imaginam para a sociedade e os Estados demonstram o quanto estão capacitados para fazer políticas sociais de promoção da equidade.
São nas crises que a gente percebe o quão desiguais são as condições de vida das pessoas que precisam estudar.
Segundo dados da última pesquisa TIC Domicílios 2017, em 29% dos domicílios, há acesso a TV por assinatura; em 23% há computador de mesa; em 29% há notebooks. Ter computador ou notebook em casa e ter acesso à Internet e TV por assinatura são condições básicas para os cidadãos terem acesso à informação em contextos de hiperconectividade. Caso contrário, a participação na modalidade de educação a distância fica prejudicada, pois enquanto uma criança tem acesso a um filme recente na TV paga para realizar uma atividade escolar, outra poderá ficar apartada do processo de ensino-aprendizagem por falta de condições básicas nos usos e acessos às tecnologias dentro da própria casa.
O leitor pode questionar, mas precisa de TV paga? Um smartphone não resolveria? Olha, quando a gente parte para estudar em profundidade, o smartphone é mais um brinquedo, um complemento, do que um instrumento que poderia ser considerado como principal recurso no processo de aprendizagem. As residências precisam de notebooks e tablets, com acesso de banda larga suficiente para acessar sites pesados e assistir a filme de alta resolução.
Não podemos esquecer das muitas pessoas que sobrevivem no século XXI sob as condições de uma Internet precária, que mal dar para enviar uma mensagem de texto com algumas dezenas de caracteres.
O resultado de tudo isto? Muitas crianças, jovens e adultos que não podem participar dos movimentos de educação a distância por causa da carência de condições sociotécnicas e econômicas para estudar.
Enquanto uma parcela da população de estudantes acessa ambientes virtuais de aprendizagem para assistir a vídeos, realizar debates em fóruns, trocar ideias com professores e colegas, participar de bate-papos, um outro grupo ficará em casa sem opção, sem estudos, sem acesso à cultura, enfim: sem educação.
E como pensar em educação se essas mesmas pessoas só têm acesso precário a outros bens sociais tão importantes como assistência médica, previdência social e condições básicas de lazer e higiene?
Pois é, as crises trazem aprendizagens terríveis sobre a vida em comunidade.
A crise demonstra o quanto uma sociedade está preparada para proteger os cidadãos e as cidadãs.
Quando a crise passar, espera-se que estejamos mais atentos aos processos de desigualdades sociais que acontecem no dia a dia, mas que ficam ofuscados por, às vezes, estarmos em situação particular de bem-estar, o que nos faz esquecer as limitações inerentes à vida comunitária.
Que bom seria se todos estivessem em casa hoje, sabendo das dificuldades oriundas da crise, mas em condições mínimas de lazer, de bem-estar, de saúde social e de educação?
Que bom seria se em cada lar houvesse condições para que as crianças, os jovens, os adultos e os idosos pudessem exercer o direito básico garantido na Constituição de acesso à educação?
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Até a próxima!
E ai? Já leu a publicação passada sobre Desigualdades Educacionais?
Sobre a internet no Brasil veja+: TIC Domicílios 2017
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