06/04/2020

Desigualdades digitais em tempos de pandemia

Desigualdades digitais em tempos de pandemia
Desigualdades digitais em tempos de pandemia. Imagem E-Praxe

Nestes tempos de coronavírus, a ajuda que é direcionada aos pobres vem com uma exigência: os cidadãos precisam ter acesso à Internet.
Para se ter uma ideia, um cidadão para ser usuário WEB necessita ter uma conta mensal pré-paga de controle que custa no mínimo R$ 39,90 por celular. Isto nos tempos de promoção, o que equivale a quase 4% do salário mínimo. Já uma assinatura residencial de banda larga é de pelo menos R$ 100,00, o que corresponde a quase 10% do salário mínimo.
Segundo dados do Cetic.br, no relatório TIC Domicílios 2018 (p. 273), 27% dos domínios brasileiros ainda não têm acesso à Internet, por motivo de a região do domicílio não ter infraestrutura para Internet.
Na hora que é implantada a política social para combater a pandemia, o cidadão se ver refém de recursos técnicos que não pode usufruir.
Na prática, o Estado lança a política, que exige proficiência de usos da Internet, cujos acessos funcionam melhor em notebooks ou desktops, deixando os usuários de dispositivos móveis com sérios problemas de acessos aos direitos sociais, pois nem todo cidadão possui celular com configuração mínima para acessar determinados aplicativos móveis.
O que ocorreu é que o programa social de banda larga ainda não atendeu à maior parte da população brasileira. Quer saber o que é banda larga brasileira, visite municípios com número de habitantes inferior a 20.000 cidadãos e você saberá o que é a Internet no Brasil. Ainda, a televisão digital não alcançou todos os nossos municípios, outro canal de informação nestes tempos de hiperconectividade.
Com os problemas da falta de acesso na região e os altos preços para a população mais pobre, o cidadão tem de procurar atendimentos presenciais, nas situações em que o Estado utiliza como padrão o atendimento WEB. Isto é um desgaste. Na maioria das vezes é atribuída ao cidadão incompetência por não saber utilizar a WEB, ficando ofuscada a responsabilidade de o Estado diante do problema social.

Quanto aos usos dos serviços prestados pelo governo eletrônico, 45% dos cidadãos declararam que não utilizaram tais serviços nos últimos 12 meses anteriores ao período da pesquisa (TIC Domicílios 2018, p. 321). Como direcionar os serviços para o ambiente WEB se quase metade dos brasileiros não participa dessa dinâmica de relações cidadãs?
O último fator que dificulta os acessos WEB é o da educação do cidadão quanto a navegar na Internet, pois quanto mais baixo é o nível de instrução do brasileiro, aumenta o percentual de pessoas que não utilizaram serviços do governo eletrônico pela Internet, o que chega a 67% dos brasileiros que estão nos níveis de não alfabetização e de ensino fundamental.
Todas essas questões, repetimos aqui em nosso blog, ficam mais evidentes quando crises como a do Coronavírus aparecem.
Estamos em um contexto de desigualdades digitais no país, que aparta os que têm mais renda, dos que não as têm, dos que estudaram mais dos que estudaram menos.



Há muito o que aprender com os refluxos dessa pandemia.


Veja+ em:
Plano Nacional de Banda Larga - Informações Básicas

TIC Domicílios 2018

Até a próxima!


E aí? Já leu a publicação anterior sobre A encruzilhada do empreendedorismo?


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