A encruzilhada do empreendedorismo. Imagem da Praxe Educação |
Em tempos de crises severas e globais é que se percebe a real dimensão de determinadas ideias que são difundidas país afora.
Uma ideia recorrente defendida por muitos gurus da autoajuda é a infalibilidade da atitude empreendedora. São diversos textos conclamando e convencendo muitos cidadãos a aderirem a estratégias vulneráveis de carreira em empreendedorismo.
Para quem já tem recursos próprios, estudou os fundamentos das ciências econômicas e financeiras, tem facilidade de administrar, conhece marketing, entre outras competências, existe risco, mas bem menor, do que aquele cidadão comum, que não tem capital para investir, não tem crédito na praça para manter o fluxo de caixa, não conhece os fundamentos de economia, administração e outras coisas mais.
É muito risco até o sonho de ser empreendedor.
Primeiro porque o Brasil se caracteriza por ser uma nação cujos governantes nunca investiram o suficiente para a fomentação da cultura do empreendedorismo. Este movimento dos últimos 10 anos aqui no país, com a criação da figura do microempreendedor, ainda é muito incipiente para considerar que estamos prontos para lidar com a cultura empreendedora.
Outro ponto é que as escolas que se dedicam a “ensinar” empreendedorismo ainda trabalham com um viés distante da população-alvo: homens e mulheres com pouco nível educacional para conduzir empresas. Só estes dois motivos já seriam suficientes para as pessoas não caírem na onda de que todo mundo pode ser empreendedor. O que fica é a vontade e as falácias de tudo se resolver por meio da criatividade.
Outra questão relevante é a da gerência das finanças pessoais versus as finanças do negócio. Dinheiro do negócio é dinheiro do negócio! Como é difícil as pessoas aceitarem esta obviedade! A mistura desorganizada das finanças pessoais com as do negócio atrapalha muita gente.
Cabe lembrar que a maioria dos empreendedores não sabe fazer fluxo de caixa, que é aprender a fazer projetos dos movimentos econômicos e financeiros em prazos variados. A cultura do Viver o Momento faz com que muita gente não economize, não pague assistência de saúde, não pague previdência social e não pague impostos.
O resultado disto tudo só aparece nos momentos de crise, quando uma empresa vai ser obrigada a ficar 30, 40 ou 60 dias sem movimento, e o empreendedor não tem recursos suficientes para aguentar tanto tempo sem renda.
É uma situação muito controversa esta pela qual passa uma expressiva quantidade de cidadãos: o empreendedor não quer ser trabalhador e não pode ser patrão, vive em uma área intermediária do mercado, sem proteção, sem informações suficientes e com um futuro incerto.
É o momento de se pensar sobre questões como: de que maneira o empreendedor pode ter uma educação mais próxima da realidade do mercado brasileiro? Como educar o empreendedor para se desenvolver como um gestor de negócios? Como trabalhar a educação do empreendedor para que este aprenda a poupar? Como separar o dinheiro do negócio do dinheiro pessoal?
Estes são desafios de nossa sociedade para este início de milênio.
Até a próxima!
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