Fiquei pasmado ao participar de um grupo de WhatsApp e notar que os profissionais estavam compartilhando cópias piratas dos livros de um autor, mesmo sabendo que havia representantes dos direitos autorais do escritor fazendo parte das conversações.
Outro dia me deparei com uma indicação excelente de leitura feita por um professor e fui atrás da obra. Era um autor estrangeiro. Quando encontrei o artigo percebi que só era possível lê-lo se eu pagasse uma taxa à plataforma de guarda do arquivo.
A gente já se acostumou a entrar em repositórios de artigos e baixar indistintamente pesquisas que são do nosso interesse e não pensa em recompensar o autor pelo dispêndio realizado na pesquisa. Às vezes a gente até deixa de citá-los nas nossas produções acadêmicas, mesmo tendo aprendido muito com a obra lida.
Gosto muito de utilizar software livre, mas observei que nunca fiz uma doação ao criador do aplicativo. Como essas pessoas então fazem para sobreviver se vou lá, consumo informação e não dou retorno?
Defender software livre e não ajudar a causa torna-se desse jeito somente uma teorização, que é muito distante da realidade.
Na academia sempre evitei usar cópias de livros inteiros, mas sempre havia em casa um ou dois pacotes de cópias impressas que foram distribuídas durante a vida acadêmica.
Quando terminei a licenciatura, peguei todos aqueles fragmentos de livros e joguei fora. Busquei comprar os livros que eram significativos para a minha vida profissional e me senti um tanto que aliviado de tanto consumir sem pagar.
Veja como é difícil lidar com essa cultura do copia e cola. Ela se entende por toda a nossa vida cotidiana, dando aparência de normalidade aos atos de copiar e colar. Afinal de contas deve ser um horror comprar livros, que dirá, artigos ou mesmo fazer assinaturas de revistas eletrônicas para ser informado.
Para pensar:
Isso desencadeia uma outra discussão, sobre professores que gostam de escrever coisas onde os alunos possam vê-la, e alunos que gostam de ter coisas escritas para copiá-las facilmente em seus cadernos, e que noção do processo educacional isso implica.
Howard Becker, em Segredos e truques da pesquisa, p. 270
Até a próxima!
E aí? Já leu a publicação anterior sobre Aprender a perseverar com Freud?
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