06/01/2020

Educar para emancipar – eis a questão

Imagem Educar para emancipar



“Só é possível imaginar a verdadeira democracia como uma sociedade de emancipados”
Theodor Adorno


Talvez seja redundante adjetivar a palavra educação como um elemento de cultura para a emancipação da humanidade. Mas é bom frisar que a educação é produzida a partir de perspectivas diversas e ela pode ser usada para cercear a liberdade das pessoas e torná-las menos ativas em relação ao processo de construção do mundo também.

É por causa disto que precisamos ser redundantes utilizando complementos que designem educação como elemento de autonomia (Freire) ou emancipação (Adorno).


Quando a gente ler Adorno parece tem a impressão que o texto foi escrito no século XXI, demarcado pela Pós-Verdade e pelas práticas da desinformação. A gente percebe um autor preocupado em despertar o sentido do entendimento profundo da vida nas pessoas.É o que se pode perceber na obra Educação e emancipação, do referido autor.

Educação e emancipação é um livro de reflexão política, midiática e educacional de Adorno, que reúne palestras e debates do autor ocorridos no período de 1959 a 1969.

As palestras foram O que significa elaborar o passado (1959), A filosofia e os professores (1961), Tabus acerca do magistério (1965) e Educação após Auschwitz (1965). Os debates foram Televisão e formação (1963), Educação para quê? (1966), A educação contra a barbárie (1968) e Educação e emancipação (1969).

O conjunto da comunicação contido na obra é um movimento de uma dialética de esclarecimento, em que o autor entra em conversação com a sociedade para discutir como elementos da cultura, da política e das tecnologias interferem no processo de educação para emancipação das pessoas.

Apesar de ter posicionamento crítico a respeito dos meios técnicos inerentes à cultura de massa, Adorno não se furtou de utilizar-se do rádio, na época, para promover discussões abertas sobre os problemas sociais que ocorriam no mundo nas décadas de 1950 e 1960.

Ir a debates e participar de palestras eram sinalizações da abertura do autor para a construção do diálogo. Este foi um diferencial de Adorno, que soube pensar o mundo em que vivia e estabelecer pontes para a discussão das questões sociais em que ele estava inserido: um intelectual atuante tanto no âmbito das teorizações, quanto da vivência cotidiana.

Para nós professores, ler Educação e emancipação é essencial, mesmo que venhamos a discordar do posicionamento sociopolítico do autor, mas é uma oportunidade de também abrirmos caminhos para compreensão dos grandes problemas de ordem social pelos quais estamos passando.

Afinal de contas, o trabalho do professor não se restringe somente às interações em sala de aula, mas está inserido em tudo que fazemos como profissionais da educação.


Para pensar:

“Pessoas que se enquadram cegamente no coletivo fazem de si mesmas meros objetos materiais, anulando-se como sujeitos dotados de motivação própria.”
Theodor Adorno


O quê? Educação e emancipação
Quem é o autor? Theodor W. Adorno
Qual é a editora? Paz e Terra