E aí aparecem obras de didática em língua estrangeira exaltando as qualidades da aprendizagem ativa, e os educadores como todo bom consumidor começam a discutir as novas terminologias como se novidade fosse.
Educadores como Paulo Freire, Dermeval Saviani, Álvaro Vieira Pinto e Anísio Teixeira já defendiam o papel ativo do aluno no processo de aprendizagem. Então essa discussão é velha…
Mas como essas discussões voltaram com muita frequência é bom ressaltar alguns especificidades das competências que todo educador precisa desenvolver para a realização de práticas de ensino-aprendizagem que aproximem os educandos da tal da aprendizagem ativa
Lembremos que o termo aprendizagem ativa é redundante, pois a palavra aprendizagem em si já incorpora a ideia de um modo de existir ativo. Mas deixa pra lá.
Às vezes ficamos tão envolvidos com a força das palavras que esquecemos de observar o que está por traz em termos de significação. Por traz de uma aprendizagem ativa, há um ensino vigoroso e ativo.
Por isto o E-Praxe esta semana resolveu trazer algumas competências que o educador precisa desenvolver para a promoção da aprendizagem ativa.
Primeiro o educador precisa assumir-se como um curador de conhecimentos. Curador não é enciclopedista, mas sim um trabalhador-aprendiz que tem como função compartilhar o que aprendeu por meio da construção do conhecimento.
O educador também precisa ser um mediador da aprendizagem, ou seja, um ser ativo, que atua no contexto para produzir sentidos e significados sobre os conhecimentos sistematizados criados pela humanidade.
O educador é um fomentador de valores que incentivam a formação de valores que impulsionem a cooperação, a solidariedade. Enfim, que motivem as pessoas as cuidar das coisas da humanidade.
O educador é o arauto da criação e da criatividade, pois pode ser a escola o lugar onde as pessoas pensem novas formas de viver o mundo e quiçá o transformar.
Ao ser o arauto da criação e da criatividade, o educador tem a responsabilidade de mediar situações de ensino-aprendizagem que levem à inovação. A escola é o lugar do novo. A escola atravessa os tempos passados, presentes e futuros, por isto educar é um ato para trazer o novo que há na humanidade.
O educador é o profissional que ajudar o educando a construir competências para a autoria e a autonomia. Aqui está o cerne da educação para a aprendizagem ativa. As pessoas precisam pensar por si e desenvolver senso crítico para mudar o mundo para melhor.
Ufa, vamos para por aqui!
Todas as ideias trazidas até aqui, de uma maneira ou de outra está contida nas abordagens filosófico-educacional dos pensadores aludidos no início deste texto. O que precisamos é estudar as novidades no âmbito educacional com mais cuidado, para que não tragamos o velho fantasiado de novo.
Quando aparecem projetos de educação baseados em Gamification, Design Thinking, Aprendizagem baseada em projetos, Aprendizagem Invertida, Ensino Híbrido, Aprendizagem baseada em problemas, devemos nos aproximar deles sim, mas não como mitos salvadores da educação.
Aos estudá-los a fundo, perceberemos que muitas das propostas trazidas nessas ideias já existiam há muito. O que pode ter acontecido é de os educadores não terem percebido valor nessas propostas no dia a dia educacional ou mesmo as estarem usando com outras denominações.
Cabe a você, educador, mergulhar nessas novidades, mas saber sair delas por meio do senso crítico, da observação acurada e da aplicação fundamentada em aprendizagem. Pergunte-se: isto vai servir para desenvolvimento dos alunos? Eu já não faço isto no meu dia a dia?