Estamos acostumados
com a leitura de textos de metodologia científica que trazem a abordagem de
teorias do conhecimento e comentários sobre a lógica da metodologias do
trabalho acadêmico.
Mas de vez em quando
a gente descobre um texto em que o autor consegue deixar as questões acima de
forma subliminar para o leitores e articula uma mensagem que discute o trabalho
intelectual a partir das experiências profissionais vividas nas práticas cotidianas.
É na referida forma
de abordagem que Charles Wright Mills discorre sobre as atividades do pensar no
livro Sobre o artesanato intelectual e outros ensaios.
Trata-se de um livro
pequeno no tamanho, mas grandioso na proposta. Nele Mills aborda a construção do conhecimento como um processo de
"artesanato intelectual", discutindo os meandros da pesquisa, a
questão da ideias, a organização das informações, a gestão dos arquivos e o
processo de anotações.
O texto é um
incentivo à aprendizagem: aprendemos a estudar, aprendemos a pesquisar,
aprendemos a organizar o nosso pensamento. A proposta do autor é que nos tornemos artesão do conhecimento, um pesquisador ativo, que atua como descortinador do mundo e aprendiz deste próprio mundo.
Antes mesmo de
surgirem ideias sobre arquitetura da informação Mills já sinalizava para este
trabalho de todo pesquisador, que é de ser um organizador dos movimentos da
informação.
O livro é inspirador
para quem deseja lidar com anotações pessoais, esboços de projetos,
levantamento de questões para resolução de problemas, organização de resenhas e
resumos, organização bibliográfica e dos artefatos da produção de conteúdos como organização de imagens, vídeos e
bases de dados diversas que ajudem na organização do acervo do pesquisador.
Charles Wright Mills
nos incita a criar, organizar, reorganizar e reaproveitar a nossa própria
produção intelectual, por meio de uma escrita acessível a todo leitor
interessado no tema.
No âmbito da
pesquisa, Mills é inspirador, pois argumenta de modo a nos fazer pensar como
podemos melhor organizar nosso trabalho de pesquisa de campo, pesquisa teórica,
estudos acadêmicos, qualificação; ou seja, discute o ofício produtor de
conhecimento ao dá alertas sobre a formação do leitor, do pesquisador e do
escritor.
Para Wright Mills,
não há separação entre a vida pessoal e a profissional. Nas palavras dele:
"Diversão é algo que fazemos para estar prazerosamente
ocupados, mas se o trabalho nos ocupa prazerosamente, é também diversão."
Pág. 61
Outro ponto de
destaque do texto é quando resgata as questões da autoria e da autonomia do
artesão intelectual. Assim ele diz: "O
artesão é senhor da atividade e de si no processo." Pág. 61
O livro é composto
de cinco ensaios, que se completam e vai mostrando ao leitor o itinerário para a boa formação de um pesquisador:
Sobre o artesanato intelectual
O ideal do artesanato
O homem no centro: o designer
A promessa e
O
que significa ser um intelectual?
A introdução da obra
ficou por conta do professor e pesquisador do Centro de Pesquisa e Documentação de
História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas: Celso Castro.
Se você se interessa
por textos que abordem o processo de produção intelectual a partir das
vivências e experimentações de um artesão intelectual, Sobre o artesanato intelectual é o livro.
Boa leitura e até a
próxima!
O que é?
Sobre artesanato intelectual e outros ensaios
Quem escreveu? C. Wright Mills
Quem editou? Zarah Editora